quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Preciso beber. E fumar. E usar alguma droga altamente entorpecente, muito rápido, antes que qualquer coisa maior aconteça.
Pra me livrar
pra me livrar de mim.
não que eu me odeie
(eu não me odeio. de fato, estou longe
de me odiar)
Mas é que eu preciso tirar alguma coisa que tá atravessada desde o meu cu até a minha garganta, e eu preciso gritar.
Eu preciso me agarrar a ela como mastro de bandeira fincado no chão em terra conquistada: conquistei minha angústia. Conquistei essa azia que me desassossega, esse calafrio e ânsia de gritar
de olhar bem na sua cara, enfiar o dedo no seu nariz, puxar uma meleca e gritar que porra, você tem meleca. Seu sujo.
Olha quem você pensa que é. Para e olha.
enfiar o dedo na sua cara de cu e tirar bosta, é isso que a gente faz o tempo inteiro com todo mundo, lança umas bostas.

Cansei de você, e de você também. Cansei mesmo, não quero nem mais tentar.
Mas o que me incomoda é a cegueira. Eu preciso de uns 5 maços pra aguentar a cegueira, eu odeio cegueira. E eu preciso de umas duas garrafas pra aguentar suas pretensas sobriedades.

vão aprender a ser gente. sério.

domingo, 17 de outubro de 2010

5 sinais de in.felicidade

. Silêncio. Silêmncio. Shhhhhhh.

. Reviravolta nas minhas borboletas.(dor de estômago)

. sonhei com outro

. Através dos anos seu perfume atravessa a rua e me atinge de supetão, bem na esquina.

. a minha ausência se arrepende dela mesma.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Faz parte do meu show

Meu primo fala dormindo: levanta questões sem resposta, esclarece fatos imaginários, revela verdades incompreensíveis. Eu, quando não estou muito irritada para socá-lo até que o silêncio instaure, acordo e ouço.
Aprendi seus pesadelos: apaguei incêndios noturnos no quarto ao lado, desculpei pessoas no leito de morte, salvei gatos, pessoas, almas. Virei uma heroína na calada das noites, e meu primo, meu álibi. Inconsciente, ele me deu as coordenadas, e eu aprendi a decifrar sonhos.
De cada um que dorme ao meu lado, descubro os segredos. Parada em silêncio, meus olhos fechados, conto suas respirações. Aprendo seus batimentos cardíacos, percebo seus corpos macios. Defino seus limites com a ponta dos dedos. Reviro seus sonhos, memórias e medos.
Nenhum deles sabe o poder que têm sobre mim, embora um ou outro tenha quase descoberto sem querer. É que homens são mesmo meio bobos. E nenhum deles desconfia do meu poder feminino.
Anoto suas histórias, seus fôlegos. Teço, em voz alta, tapeçarias de segredos.
E as queimo.

Ninguém deve saber que estamos sós.
'cala e finge
mas finge sem fingimento.
nada espera que em ti já não exista:
tens sol se há sol,
ramos se ramos buscas
sorte se a sorte é dada'

e se lhes escondo a verdade, saibam. É pra nos proteger da solidão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

aguar as flores

ah, mas eu queria que a chuva batesse em mim gotas, não coisas sujas e cheias de pó.
Queria alguém pra me regar sementes. e água batendo nas minhas folhas de jabuticabeira e orvalho em todo o meu corpo-fruta.

Fruta pão. Não. Cor de jabuticaba, frutas negras e reluzentes refletindo pequenos espelhos de orvalho. que eu colheria com as mãos firmes e explodiria a casca rija em minha boca.
polpa branca
escorrendo em meus lábios secos, doce-mel.
E eu me regojizaria com a natureza e a humanidade, que aprendeu a arte de colher jabuticabas.

Eu queria elas todas pra mim, da mesma árvore. e deixar as cascas no chão adubo, pra semente germinar mais algumas.

Me parece que há uma apenas jabuticabeira no mundo, mas é mentira. é que há só uma que se emcaixa em mim e faz meu coração pulsar e meus olhos brilharem.
E eu quero que os frutos dessa, e só dessa, sejam meus. por que eu sei que seus frutos cabem nas minhas mãos. e eu a plantei e vi crescer (mesmo que não tenha) na casa da minha madrinha.
porque aquelas não tem vespas. Ou melhor, se têm, eu as conheço. do vespeiro da minha jabuticabeira frondosa. da minha árvore. As vespas, que a têm, são minhas. Muito mais minhas, de mais ninguém.

as vespas me mordem com mais cuidado e com mais ardor e suas mordidas na minha lingua me causam duas vezes mais mal, porque me temem como se eu agisse tiranicamente. Mas eu as acolho, aceito sem combater. sem fumaça ou qualquer coisa que as confunda.
abro meus braços e digo "vespas, aqui!" e espero o ataque. e a dor que aceito com as lágrimas.

e depois elas morrem.

Minha jabuticabeira eu rego com o coração na mão em furos. como se fosse chuva vermelha a cair nas raízes.
e nascem nela minhas pequenas flores pó. pra desaguar.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Virei pra Mônica e perguntei
-Mônica, como é que a gente faz pra mudar o mundo, hein?

Mônica olhou pra mim e sorriu. e eu acho que entendi.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Eu tenho um medo das palavras não alcançarem o tom que eu desejo, sabe? Então fico dizendo o que eu queria dizer com o que eu disse. Depois me lembro que as palavras dizem o que elas querem dizer. No fim nós somos só um instrumento delas, um instrumento que acha que pode contê-las. Mas é arrebatado pela força que elas têm.

Eu costumo falar sozinha, também. Em voz alta. Ajuda as palavras a circularem, a saírem. Eu passo muito tempo do meu dia sozinha. Quando eu passo muito tempo sem ficar um tempo sozinha, parece que eu entro em parafuso. Começo a ficar muito cansada, com dor de cabeça, e meio mal humorada. Parece que as pessoas me consomem, sabe?
Não que eu não goste delas. Adoro. Adoro sentar e ter uma boa conversa. Sinto que poderia ficar sentada tendo uma boa conversa até sei lá, sem comer ou qualquer outra coisa. Ignorando o sono, o frio ou qualquer outro desejo menor. Não há, em verdade vos digo, nada melhor que um bom papo.
O que é bem parecido com escrever. Eu saio escrevendo e escrevendo e escrevendo e quando eu vejo já tenho páginas e páginas sem fim e me pergunto, quem, diabos, quereria ler essa porra toda?

De vez em quando eu fico rouca no fim do dia. De vez em quando não, isso é extraordinariamente comum. Eu costumo ficar rouca no fim do dia. Gosto de pensar que eu tenho uma quota diária de palavras. Mas sou tão tagarela que ultrapasso. Fico rouquinha mesmo, completamente sem voz. Não consigo falar paralelepípedo sem pausar 3 vezes, porque a voz não se ouve mais.

Mas o negócio não era esse. É que costumo falar sozinha. Ando pela rua falando. De vez enquanto alguém passa por mim e me olha com cara de quem está olhando pra uma louca e eu fico com um pouco de vergonha. Então passo a falar baixinho. Mas em casa eu fico andando pela casa e conversando. Porque é como se eu falasse e respondesse, sabe? E É involuntário. É como se eu fosse várias pessoa conversando, e estivesse sei lá, conversando. Então eu converso, fazer o quê.

É que minha cabeça é um vulcão de lava borbulhante. As idéias e coisas ficam indo e vindo. Eu não consigo ficar sem falar. Eu gostaria de ter um gravador pra gravar tudo o que eu penso, mas tenho medo de gravadores. E aí eu chego pra escrever o que eu falei o dia inteiro e parece que as palavras se esconderam e não consigo encontrar as iguais, então a idéia se esgarça e eu deixo pra lá.
Às vezes eu penso em dizer e me orgulhar de dizer que se eu não pudesse falar e escrever, então eu morreria. Consigo suportar a idéia de não ver mais, a idéia de não ouvir. Apesar de me doerem, porque é uma mácula ao meu corpo-invólucro-sagrado, nenhuma delas é tão terrível quanto perder a capacidade de controlar minhas mãos. Pra escrever. Pra fazer minhas caixinhas. Pra falar pelos sinais. As mãos são o instrumento da fala, não só a boca. A boca só faz uma parte. Mas se eu tiver a boca e não as mãos, você diria, posso até arranjar quem escreva pra mim. Ah, mas eu não acho que essa idéia de ditar dê certo, já tentei. Como é que eu vou dizer “não, e AQUI eu quero um ponto, ali um ponto e vírgula”? Não é o mesmo. Só eu sei me pontuar, só eu sei olhar o texto e riscar a palavra certa na hora certa, porque a palavra saiu de mim. O impulso elétrico palavra veio de dentro de mim.
Mas desde que eu li que Van Gogh falou que o pintor só é um bom pintor se, no momento em que não puder mais pintar, (morre) ali acabou sua existência; desde então eu não quero mais pensar assim. Porque foi isso que traduziu meu pensamento em palavras, sabe? A Maria Bethânia comparando com o escritor e eu pensei, nossa, é isso.

(Abrindo um parênteses, adoro quando os textos falam e você para e pensa “nossa”, no máximo um “nossa, é isso”, se você ainda conseguir articular palavras. Porque os bons textos, eles são assim. Arrebatadores (é essa a palavra certa). Porque eles entram como uma onda gigantesca, um tsnunami. Eles entram na sua cabeça e varrem tudo, tempestuosos. Levam embora qualquer possibilidade de vida, mas vêm com ventos que largam sementes. E depois, naquela terra seca e morta, quando você já chorou e se desesperou porque nada mais pode ser tão certo, depois você repara nas sementes. (essa hora agora me lembrou o seu Chico Xavier, que disse que ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas todos podem começar novamente e fazer um novo fim)mas então, você repara nas sementes e pensa exatamente aquilo. E aí um mundo novo cresce mais rápido do que cresceu a floresta de flores púrpuras e lindas, que Bastian Baltazar Bux fez, na história sem Fim. Mais rápido do que Aslam fez crescer Nárnia. De fato, como se tudo estivesse crescendo com uma música, uma toada forte e brava. E aí o mundo novo é grande e forte, pra você poder ler algo genial outra vez.
Repare nisso, nunca leia essas coisas importantes uma atrás da outra. Porque você vai ficar arrasado. Porque se no primeiro já não sobra nada, o segundo há de te deixar em carne viva. O terceiro arranca seu coração e o entrega, suavemente, nas suas mãos. Louco, você o despedaçaria. Não, é preciso muito cuidado com as palavras, elas fazem muito mais que simplesmente dizer.
E é claro, existem aqueles que de cara já estraçalham tudo, arrancam seu coração e os quebram eles mesmos. Esses são bons demais pra ficarem nas estantes, arrasadores.

Eu devia escrever um guia de leitura para que principiantes não se percam. Um dia hei de fazer isso. Por hora, fecho meu parênteses)

Então, voltando. Mas me incomoda pensar que isso se aplica a mim, porque aí eu estaria me comparando a qualquer escritor realmente bom e isso é muito megalomaníaco.
E uma vez eu li em algum lugar que maluco que é maluco não fala que é maluco. Então pensei em como as minhas amigas de infância que escrever que são “muito loucas” no perfil do Orkut são normais demais. Aí decidi aplicar isso na minha vida. Não gosto de falar o que eu sou, porque senão eu não seria. E não gosto de falar que sou uma boa escritora, porque não sou. Mas um dia quero ser uma daquelas dos textos estraçalhadores. E quando isso acontecer, talvez eu saiba. Talvez eu nunca venha a descobrir, e continue tentando melhorar. Talvez sorria e dia, alô, iniludível.

O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(a noite com seus sortilégios)
Encontrará lavrado o campo,
a casa limpa, a mesa posta
Com cada coisa em seu lugar.

domingo, 31 de maio de 2009

Misantropia

Eu quero ficar só.

É domingo à tarde, e eu tenho essa coisa de guardar os fins de semana pra mim. Os domingos me são dias melancólicos e vazios de tudo, menos de mim. Eu acho que ganho minha profundidade aos domingos. Meu eu com eu. na verdade, eu passo a maior parte do tempo pensando em dormir e evitando isso.

acho que por isso o post

Sozinho-só, eu não consigo. Porque sozinho-só não é possível.
eu tenho meus amores. São meus amigos, são meus queridos. são pessoas que eu gosto e que às vezes não gostam de mim. são meus livros, sei lá.

é difícil me manter no meu eu aos domingos. um monte de gente decide que domingo é pra sair com as crianças e com os velhos e com as moscas e os bosques e os moços que - coitados - trabalham. mas eu não. eu me fecho na minha casa, na minha casa dentro de casa, que é a minha casca. Meus pais normalmente saem. eu me mantenho e evito até descer as escadas pra comprar pão.

mas é difícil ficar só aos domingos. tem gente correndo em círculos ao meu redor, na minha cabeça. Tem livros pra ler - uma fila que só aumenta. Tem lembranças, coisas pra ajeitar, trabalho pra fazer, coisas a programar. e eu fico meio parada, sem fazer absolutamente nada e pensando em tudo.

é difícil manter os domingos pra mim. tem sempre uma festa, uma pessoa, uma coisa. alguém me chamando e me ligando ou eu mesma procuro alguém.

Nobody
ever finds
the one.

we're all trapped
by a singular fate.

as coisas enchem e eu encho até derramar. de merda. de encheção de saco. de coisas que eu não deveria saber. de álcool. sei lá.


é tudo uma mesma coisa, na verdade.

e ninguém entende como e porque alguém quereria guardar os domingos, quando a semana inteira é para um trabalho chato. Então precisam de um fim de semana mais chato ainda, limpando bebês babões, paparicando senhoras, ligando uns pros outros e bebendo muito, comendo muito, fodendo muito, cheirando odores sem fim e absorvendo tudo sem nenhum espaço pra absorção própria.

eu guardo meus fins de semana, e em particular meus domingos. mas poderia guardar as terças e quartas. as quintas e sextas. as cestas. o dia não importa, o que importa é o tempo pra levantar a cabeça e respirar ar puro. para só então voltar a mergulhar nessa onda magnífica, quase um tsunami, meio formigueiro-vespeiro-colméia de marimbondo, de merda.

Mas é impossível ser só, aos domingos. Porque o sol brilha e o pôr do sol é magnífico e há em mim uma certa culpa em abandonar o mundo, como se tivesse puxado o sinal do ônibus e descido no lugar errado só pra não ter que agüentar o velho bêbado e fedorento que empesteou o ônibus, ou porque entraram pessoas suspeitas e o preconceito me disse MEDO! MEDO! MEDO!, como um sinal de alerta.

a culpa tremenda do preconceito. o ônibus alarmante. A ambulância que passa gritando 120 quilômetros mais rápido do que meus olhos, que estão fixos grudados em mim.

há um certo despreparo, quase que despropósito, em nós existindo.


eu tenho medo, mônica. Eu tenho medo de que a gente só exista pra morrer e fim. Tenho medo dessas pessoas-zumbis, que só comem e cagam. Tenho medo de seres golfinhos petulantes que porventura abram as portas do armário na penumbra e passeiem pela casa apesar de seu medo de serem pegos. Eu não gosto de golfinhos. Eu não gosto de abacates, quando não estão na minha geladeira. Eu não gosto de batata palha e eu não acho que viver seja saudável. Então pra quê forçar a barra?

petulantes. porventura. portas, paredes, painéis pantográficos, paus pedras peões. penumbra.

eu tinha medo da mula sem cabeça, quando era pequena. Assim, até os 13 anos.

e pensar que tem gente que diz que não gosta de concreto. De Neoconcreto, de arte vazia e despreparada. Que tem gente que só gosta da coisa se for trabalhada em 46 estrofes medidas em versos alexandrinos de rima breve. Que só gosta das gentes se forem claros. Que só transa no escuro. que prefere deixar os domingos de lado e ir se doar pro mundo, porque é só nos domingos que se doam e nunca se sentem felizes. e sentem-se sempre sobrando pelas bordas.

e pensar que tem gente que queima a lingua nas bordas porque acredita que esfria primeiro, quando o certo é fazer uma gororoba mistrando tudo, que esfria mais rápido.

e pensar que microondas às vezes falha e deixa as coisas congeladas BEM NO MEIO. onde precisam ser cêntricas. E pensar em dispersão.

Se disponha, meu bem. se disponha sem se indispor. abra os braços bem largos e grite PORRA EU QUERO DEIXAR O TEMPO PASSAR POR MIM, porque aí ele vai te tomar de assalto e te olhar nos olhos e te dizem bem assim O QUÊ?.

eu acho que a gente precisa o tempo inteiro se permitir. Porque quando a gente se permite brotar, nasce uma flor. E tem coisa mais bonita que uma flor nascendo?
Uma vez eu ouvi minha mãe dizendo pra uma amiga minha, que não gosta de vegetais, que ela também não gostava. Mas que depois de um tempo percebeu que a gente precisa amadurecer a coisa na gente (e a gente também) pra deixar ela causar na gente o que quer que ela precise causar.

E serafina certa vez falou, no meio do frio da sibéria, que se usasse roupas perderia milhares de sensações, inclusive o frio.

e eu penso que nossa, eu não gosto de goiabas. Mas é só eu ver suco de goiaba que eu tomo, porque eu gosto de beber aquilo e deixar a goiaba ser goiaba em mim, porque é só em mim que ela é goiaba. Fora de mim ela pode se sentir uma maçã ou uma melancia, mas tem a obrigação mental de ser goiaba comigo.

e eu penso que é preciso que você me aceite, porque a gente precisa deixar o tempo inteiro que o outro cause na gente, até que ele se esgote. Mas isso pode soar estranho, já que eu mesma não aceito muita gente em mim. Mas é que eles se esgotaram antes mesmo de eu permiti-los. Ou é que eu não sigo meus próprios conselhos.

Mas é pedir demais pedir isso, ou é só uma questão social de quem tem mais habilidade de convencer o outro? (porque é aí que a gente vai convencer a nós mesmos)Eu não quero convencer ninguém a nada, eu só quero que me reconheçam como Rayssa, aquela lá que não gosta de goiabas, em vez de pensarem em mim como rayssa, aquele zumbi influenciável que passa os domingos se divertindo na nigth, porque a segunda vem aí e é terrível e porque, oh meu deus!, todo mundo faz isso em vez de se trancar em casa. Ostracismo, e tenho dito.

Eu gosto de segundas feiras, porque estar afogada com os outros me traz a sensação de que alguém consegue ficar comigo e que mais alguém passa pelo que eu passo. Porque achar as coisas sozinho é a pior solidão que tem.

Não que eu goste de me enfiar na merda desse bando de gente, mas os salva-vidas não mergulham também? Não que eu tenha vindo para salvar alguém, ó missão extraordinária. Mas assim como a goiaba, eu só posso me mostrar como rayssa quando me aceitam e me engolem, e me deixam nascer flor.

e isso me faz pensar em caroços de melancia. Porque se me cuspirem na pia, eu não estarei em solo fértil e não poderei brotar.
mas eu prefiro pensar em mim como aquelas sementes que entram voando na garagem vermelha, quando o sol passa por entre as grades do teto solar e a gente criança fica pulando tentando alcançar.

ou quem sabe aquelas que a gente sopra bem forte e se desfazem em uma nuvem que cai len-ta-men-te.

mas acho que eu queria mesmo ser flor, se você deixar.